quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Republicano

Quando foi implantada a República em Portugal, o meu avô Manuel Roberto tinha 49 anos e era professor da instrução primária numa aldeia perto de Elvas. Convictamente republicano, participava nas reuniões feitas na farmácia, juntamente com o médico, o farmacêutico e mais um ou outro aderente à causa, reuniões clandestinas, à porta fechada, pela noite dentro. O seu emprego e a sua vida estiveram em risco, pois os esbirros (até numa pequena aldeia desconhecida os havia) denunciaram o professor e a sua família sofreu com isso. Também as famílias dos lavradores mais abastados deixaram de contar com ele para dar lições particulares aos seus filhos. Teve que fingir, parecer o que não era, mas a sua convicção permaneceu e, em 1910, pôde livremente festejar a vitória dos seus ideiais.
Homem honrado, íntegro e dono de um coração solidário, ele é para mim um símbolo e um herói. Neste ano do centenário da República é dele que me lembro, é a sua memória que está mais viva do que nunca.