segunda-feira, 27 de julho de 2015

O MEU SOL
( Para o António)

Andei na vida ao sabor da sorte
sofri, chorei, fui escrava da dor
não sabia sorrir, não conhecia amor
e quantas vezes desejei a morte!

À noite, sozinha, meditava enfim,
e era triste e negro o futuro,
sombras se adensavam no meu céu escuro
tudo de bom morrera para mim!

Mas, de repente, o sol apareceu
desfez-se a treva, clareou o céu,
acordou a vida de um longo torpor!

E o sol que ilumina esta minha ilusão,
e põe risos de oiro no meu coração.
só podes ser tu, só tu, meu amor!

Maria Clotilde
18-9-52

sábado, 27 de junho de 2015

Ambição ( À Tininha)

Não!                                  
Eu sei que não foi sonho,
nem visão,
quem me guiou para ti!
Andava pelas ruas
errante e vago,
passos perdidos,
vida sem afago, olhos presos
na sombra da noite que avançava,
quando uma luzinha
que no firmamento
bem perto da lua
estava,
me disse:
" O teu caminho é por aqui!"
E eu, louco,
segui-lhe o rasto,
beijei-lhe os passos,
cheio de alento
que a luz que dela vinha
me inundava!
Não olhei para trás,
pisei sonho, imagens,
atravessei o lago das miragens,
passei a floresta dos gnomos
e bati-lhe à porta.
Entrei
e só me quedei
quando te vi!
Morto de cansado
ébrio de sede,
a teus pés ajoelhei
e pedi que me desses de beber!
Tu sorriste
Levantaste-te
deste-me a mão,
ajudaste-me
a arrastar os pés p'lo chão!
Depois...
Deste-me a boca,
que beijei com fúria louca
e sinto que adormeci!
Ao acordar,
ébrio ainda de sede de beijos
rompia o alvorecer!
E agora,
que a toda a hora
o coração
me diz que não foi sonho nem visão,
agora,
que a mesma sede me atormenta
e surge a dor,
diz-me que não foi sonho,
meu amor!

Setembro de 1952
António

terça-feira, 17 de março de 2015

Ser Poeta

( Ao António)

Quisera na arte levar a palma
Saber fazer versos a cantar
E por eles poder expressar
O poema que me vai na alma

Ser poeta p'ra cantar ao vento
O ideal que guia esta ansiedade
Ser poeta encantado de saudade
Ter arte, ter fama e ter talento!

Poder cantar com uma voz sonora
Que a minha'alma canta, ri e chora
E gritar bem alto o meu desejo:

Que amo o teu perfil, o teu olhar
 E esse teu sorriso de encantar,
Que eu quisera poetizar num beijo!!

Maria Clotilde
17/9/1952

sexta-feira, 13 de março de 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

MELANCOLIA

MELANCOLIA
( à Tininha)

Sinto que mudei.
Já não sou aquele
Que fazia da vida uma canção,
Que ria,
E sorria,
E brincava
Com o coração
 De toda a mulher que amei !
Amei…
Eu sei lá se amei…
Porque o que sinto agora,
E sucede a toda a hora
Que penso nela,
A isto eu chamo amor.
Quero-te
E odeio-te!
Quero-te muito, muito,
Quando falas comigo
E te tenho a meu lado!
Quando,
Num olhar fortuito,
Teu meigo sorriso
Me deixa calado!
O meu amor
Vai todo para ti!
És tudo para mim,
Sou tudo para ti,
Eu sei… amor!
Odeio-te
Porque me fazes sofrer
Porque já não sei viver
Sem ti, sem teu amor!
Tenho ciúmes
De toda a gente que fale contigo!
E esse lume,
Que do amor faz dor
E me traz louco,
Fez-me ver há pouco
Que mudei!
Mas mesmo assim,
O meu amor vai todo para ti!
És tudo para mim,
E sou tudo para ti?
Não sei se sou…Amor!

Setembro de 1952

António

quarta-feira, 4 de março de 2015

A  MINHA VIDA
( Ao António)

É sina de Deus termos que viver
Quer a vida seja, má ou boa
É grito de Deus que pelo mundo ecoa
- ! Viver, amar, rir e sofrer - !

Para uns a vida é feita d’alegria
É terno beijo dado pela sorte
Para outros a vida é solidão, é morte
É viver em noite, mesmo sendo dia.

Para mim a vida é luminosa estrela
Guiando meus passos numa estrada bela
De luz, de quimera, de sonho disperso!

Para mim a vida é ilusão querida,
 És tu, meu amor, és tu minha vida,
E foi para ti que eu fiz estes versos

Elvas 26-7-1952

Maria Clotilde

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Casablanca

Está agora a dar na RTP2. Era o filme preferido da nossa mãe.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015


Natal de 2013, a nossa última foto juntas.

sábado, 31 de janeiro de 2015

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O Senhor é o meu Pastor

O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Salmos 23:1-6

Se me amas, não chores

Se conhecesses o mistério imenso do Céu onde agora vivo, este horizonte sem fim, esta luz que tudo reveste e penetra, não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus, na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor, uma enorme ternura que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo, pensa nesta Casa onde um dia estaremos reunidos para além da morte, matando a sede na fonte inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores, se verdadeiramente me amas!
Santo Agostinho

Minha Terra

Ó minha terra na planície rasa, 
Branca de sol e cal e de luar, 
Minha terra que nunca viu o mar 
Onde tenho o meu pão e a minha casa... 

Minha terra de tardes sem uma asa, 
Sem um bater de folha... a dormitar... 
Meu anel de rubis a flamejar, 
Minha terra mourisca a arder em brasa! 

Minha terra onde meu irmão nasceu... 
Aonde a mãe que eu tive e que morreu, 
Foi moça e loira, amou e foi amada... 

Truz... truz... truz... Eu não tenho onde me acoite, 
Sou um pobre de longe, é quase noite... 
Terra, quero dormir... dá-me pousada! 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"