sexta-feira, 16 de julho de 2021

 Porque sei que gostam, dou-vos outro texto da minha mãe. Este tem música.

“ Os índios de Lagos
No Verão de 1996, em Lagos, tive ocasião de em pleno largo do D,. Sebastião ver um agrupamento índio peruano. Depois de almoço, quando fomos tomar café, já os índios andavam por ali a preparar o espectáculo. O António que tanto gostava de música sul-americana, ficou entusiasmado e toda a tarde passámos a falar no que seria o espectáculo da noite. Jantámos mais cedo e lá fomos para ter lugar o mais próximo e confortável possível. Sentados mesmo à frente lá esperámos algum tempo e finalmente eles apareceram. Vestidos a rigor, com os instrumentos característicos da cultura índia. O António, que tão pouco era de mostrar emoções, estava contentíssimo. Tudo o que esperávamos aconteceu. As canções nossas conhecidas, naquela noite algarvia, eram magia para os nossos ouvidos, “ Recuerdos de Ipacaraí”, “Alma Llanera”, “Cielito Lindo”, enfim… todas as que nós tanto gostávamos. Fizeram um intervalo. E qual não é o meu espanto quando vi o António dirigir-se a um deles e falar-lhe. O índio mostrava entender e assentia com a cabeça. _ O que foste dizer-lhe? – Espera e verás. Depois percebi porque eles dedicaram-lhe “ Pássaro Chogui”, “ El condor passa” e “Índia”, esta última cantada em dialecto. Foi maravilhoso ouvi-los e sentir a alegria do António. Comprou-lhes os discos todos e acho que ainda levaram brinde. Quando se despediram, um olhar para nós: - Mil gracias!
(eram índios incas)."
Maria Clotilde Eustáquio
Portalegre, Julho de 2009