segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Mãe

Mãe que Levei à Terra
Mãe que levei à terra
como me trouxeste no ventre,
que farei destas tuas artérias? 
Que medula, placenta,
que lágrimas unem aos teus
estes ossos? Em que difere
a minha da tua carne?
Mãe que levei à terra
como me acompanhaste à escola,
o que herdei de ti
além de móveis, pó, detritos
da tua e outras casas extintas?
Porque guardavas
o sopro de teus avós?
Mãe que levei à terra
como me trouxeste no ventre,
vejo os teus retratos,
seguro nos teus dezanove anos,
eu não existia, meu Pai já te amava.
Que fizeste do teu sangue,
como foi possível, onde estás?
António Osório, in 'A Ignorância da Morte'

domingo, 17 de janeiro de 2016

PARA TI

Não sei dizer-te como em mim nasceu
toda esta ternura, todo o meu querer,
não sei amor, nem o quero saber,
só sei apenas que...aconteceu!

Não sei dizer-te porquê este amor
me enche toda numa doçura calma.
num louco desejo que me abraça a alma
e que dá ao coração meigo calor.

Não sei amor...não sei se isto que sinto
é amor...mas sei que não te minto
ao dizer que a teu lado sou feliz...

Não sei definir esta ternura
que me faz amar-te com loucura
e querer-te como jamais alguém te quis.

Maria Clotilde
22-9-1952