terça-feira, 27 de abril de 2010

Coisas da Fernanda

A Fernanda fazia oito anitos e a Mãe disse-lhe para trazer a amiga e vizinha para lanchar com ela. À hora do lanche ela apareceu mas trazia com ela não só a amiga e vizinha, mas também toda a turma da 3ª classe.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Alta Competição

O futebol arrasta multidões, desfaz amizades, ajuda políticos, enriquece jogadores, dirigentes e empresários e enlouquece os adeptos. É um fenómeno que poucos sabem explicar.
Há muitos anos, um jogo aparentemente sem importância fez tremer a minha pacata cidade: frente a frente iriam estar a equipa dos alunos do Liceu e a equipa dos alunos do Asilo.
O meu irmão, que era aluno do Liceu, encarregou-se de espalhar a novidade lá em casa e a emoção crescia à medida que o dia se aproximava. Eu queria que o Liceu ganhasse, claro.
O dia chegou e o Liceu ganhou. A claque do Asilo ficou furiosa, acusou o árbitro de favorecer o Liceu ( já nesse tempo o árbitro era ladrão e filho desta e daquela) e andou pelas ruas insultando os estudantes do Liceu e quem os apoiava. Fizeram até uns versos com muita piada:

O Liceu é um ladrão
Que roubou o campeonato
E se ele ganhou a taça
Foi à custa do Sr. Rato*

Essa taça está guardada
com muitas recordações
pois o Asilo foi jogar
com uma cambada de ladrões

Olha o Asilo a taça a ganhar
Mas veio o Liceu e tratou de a roubar
Olha o Asilo com a sua equipe
O liceu ganhou por ser da elite

Essa taça foi roubada
Ninguém sabe mas sei eu
Foi pela grande quadrilha
Dos que andam no Liceu

Para mim, tudo isto terminou muito mal. Algumas alunas da 4ª classe apanharam-me à saída da escola e, ao cimo da rua, deram-me uma tareia monumental, tudo porque pertencia à elite do Liceu.
Quem me manda a mim dar a conhecer as minhas preferências clubistas...

* O árbitro da partida.

domingo, 18 de abril de 2010

Os brincos, as mulheres e as vacas

Tinha um vestido preto, com gola e punhos brancos e um avental também branco, debruado a bordado inglês. Era muito novinha a Maria Antónia, acabada de sair da escola, duma aldeia ali bem perto. Quando recebeu o primeiro ordenado os pais vieram também e dizia o Pai, um homem forte e corado, que tinha sido nosso impedido:
- Com este dinheiro vamos comprar-lhe uns brincos. Cá no meu ver, uma mulher "desórelheda" é como uma vaca sem chocalho.

sábado, 17 de abril de 2010

A Verbena Azul

O baile era ao ar livre, numa quente noite de Verão. Um estrado e uma orquestra, uma orquestra completa, das antigas "bigbands" que abrilhantavam os bailes dos anos quarenta; tinha um reportório vasto e bem escolhido e tocava nessa altura uma canção francesa, "J'attendrais".
Ela de vestido branco drapeado, ele de fato castanho. Enlaçados e apaixonados, dançavam esquecidos do Mundo. Os outros pares tinham deixado de dançar para admirar aquele abraço ao som da música, de dois corações que se entendiam naquelas palavras da canção: "J'attendrais le jours et la nuit..."
Só deram que estavam noutro mundo quando as palmas irromperam, ela envergonhada, ele orgulhoso da sua namorada, a mais linda da cidade.
Foi no Pátio do Liceu, na "Verbena Azul".

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Patatô

"Patatô" faz três anos
Três deliciosos aninhos,
Gordos, sorridentes e felizes.
"Patatô" porta-se bem
Quando não se porta mal...
Porque logo a seguir, logo, logo,
Ri, com os dentinhos certos e branquinhos.
"Patatô" alegra as nossas vidas
É uma bênção ter o "patatô"
Duda para toda a gente
"Patatô só para a
Avó

03/01/2010